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Guia do Pró-Labore para empreendedores: como fazer o seu

Guia do Pró-Labore: A chave para a saúde financeira do Empreendedor

Se você é empreendedor, dono de um pequeno negócio, MEI ou freelancer, provavelmente já se pegou em uma situação comum e frustrante: o dinheiro da empresa se mistura com o seu dinheiro pessoal. No final do mês, a sua remuneração não é clara, e a saúde financeira do seu negócio e da sua vida pessoal ficam comprometidas. A boa notícia é que existe uma solução para isso, e ela se chama pró-labore. Neste guia do pró-labore, você vai desvendar de uma vez por todas o que é, por que é tão importante e, o mais crucial, como defini-lo e calculá-lo de forma inteligente.

O que é Pró-Labore e por que ele é a sua remuneração?

A palavra pró-labore vem do latim e significa “pelo trabalho”. Em termos práticos, é a remuneração que o sócio administrador, gestor ou o dono da empresa recebe pelo trabalho que executa. Pense nele como o “salário do dono”.

É fundamental entender a diferença crucial entre a pessoa jurídica (sua empresa) e a pessoa física (você). O dinheiro que entra na conta da empresa não é seu. Para que ele se torne seu, ele precisa ser “retirado” de forma formal. É aí que o pró-labore entra, formalizando essa retirada de sócio e garantindo que você tenha um salário fixo.

Muitos empreendedores, especialmente no início, cometem o erro de confundir o faturamento da empresa com seu próprio dinheiro. Isso não só causa uma bagunça nas contas, como também dificulta o planejamento financeiro e a capacidade de investimento do negócio.

Pró-Labore vs. Distribuição de Lucros: As Diferenças Cruciais

Essa é uma das dúvidas mais frequentes. Para um empreendedor, é vital entender a distinção entre pró-labore e distribuição de lucros. Ambos são formas de remuneração, mas têm naturezas e tratamentos fiscais completamente diferentes.

  • Pró-Labore: É a remuneração pelo seu trabalho, ou seja, o “salário”. Sobre ele incidem encargos sociais, como o INSS. É uma despesa fixa para a empresa.
  • Distribuição de Lucros: É a parte do lucro que a empresa teve em um determinado período e é distribuída entre os sócios. É um pagamento que só ocorre se a empresa tiver lucro e, na maioria dos casos, é isenta de Imposto de Renda.

O ideal para uma boa saúde financeira é que você tenha ambos: um pró-labore fixo para pagar suas contas pessoais e, ao final do período contábil, uma distribuição de lucros para reinvestir na sua vida ou no seu negócio.

Como Definir e Calcular o Valor do seu Pró-Labore?

Essa é a pergunta de um milhão de reais. Não existe uma fórmula mágica, mas sim uma série de passos estratégicos que você deve seguir para definir um valor justo e sustentável.

Passo 1: Avalie as finanças pessoais

O primeiro passo é entender suas necessidades. Qual é o valor mínimo que você precisa para cobrir suas despesas pessoais mensais (aluguel, alimentação, contas, etc.)? Esse valor deve ser a sua base.

Passo 2: Avalie as finanças da empresa

Agora, olhe para a sua empresa. Qual é o faturamento? Quais são os custos fixos e variáveis? A empresa tem caixa suficiente para bancar o seu pró-labore todos os meses sem comprometer as operações? Seja realista. É melhor começar com um valor menor e aumentar depois, do que começar com um valor alto e ter que diminuir.

Como Fazer o Fluxo de Caixa da sua Empresa

Passo 3: Pesquise a média do mercado

Para ter uma ideia de um valor justo, pesquise quanto um profissional com sua função (gestor, CEO, diretor) ganharia se estivesse empregado em outra empresa. Isso vai ajudar a ter um valor de referência. Use plataformas de vagas ou converse com outros empreendedores do seu setor.

Passo 4: Defina e Calcule o Valor

Com base nos passos acima, defina o valor bruto do seu pró-labore. Agora, é hora de calcular os impostos.

  • INSS: Sobre o valor do pró-labore incide a contribuição para o INSS, que pode variar entre 11% e 20%, dependendo da sua modalidade e do regime tributário da empresa.
  • Imposto de Renda (IRPF): Se o valor for acima do limite de isenção, também haverá a incidência do IRPF.
Tabela de Cálculo do Pró-Labore com INSS e Imposto de Renda
Exemplo de cálculo do pró-labore com INSS e Imposto de Renda

Tabela oficial do INSS para contribuintes individuais em 2025

O Pró-Labore é obrigatório? E o MEI, como fica?

Sim, a retirada de pró-labore é obrigatória para sócios que trabalham na empresa, segundo o Artigo 201, §5º, inciso III, do Decreto 3.048/99. Mesmo que não seja pago, a retirada contábil deve ser feita. Isso garante a sua contribuição para o INSS, que é essencial para sua aposentadoria e outros benefícios sociais.

E para os MEIs? A situação é um pouco diferente. Para o MEI, a contribuição do INSS já está incluída na guia DAS. Por isso, a legislação entende que o pró-labore é opcional. No entanto, para a saúde financeira do seu negócio e da sua vida pessoal, é altamente recomendável que você defina uma retirada mensal fixa. Isso ajuda a separar o dinheiro e a profissionalizar a sua gestão.

Como emitir e formalizar o seu Pró-Labore?

Para formalizar a sua remuneração, é necessário emitir um recibo de pró-labore. Ele serve como um comprovante de pagamento e deve ser emitido mensalmente.

O recibo deve conter:

  • Dados da empresa (CNPJ, razão social).
  • Dados do sócio (nome, CPF).
  • Valor bruto do pró-labore.
  • Valor do desconto do INSS e IRPF.
  • Valor líquido a ser recebido.
  • Mês de referência.

Se você tem um contador, ele pode te ajudar com a emissão e a burocracia. Se não, existem diversas planilhas e sistemas online que simplificam esse processo.

O pró-labore pode ser o valor do salário mínimo?

Sim, o valor mínimo do pró-labore é o valor do salário mínimo vigente.

Posso ter pró-labore e salário em empresas diferentes?

Sim, se você for sócio de uma empresa e CLT em outra, por exemplo. O pró-labore será o seu salário na empresa onde é sócio.

Qual a multa por não tirar pró-labore?

A empresa pode ser autuada pela Receita Federal, pois a falta de retirada de pró-labore é considerada sonegação de contribuição previdenciária.

Conclusão: O Pró-Labore como Pilar da Sua Liberdade Financeira

O guia do pró-labore mostrou que essa não é apenas uma obrigação burocrática, mas uma ferramenta poderosa de gestão financeira. Ao definir e formalizar sua remuneração, você não só garante uma previsibilidade para suas finanças pessoais, como também força a sua empresa a operar de forma mais saudável, separando o que é despesa operacional do que é salário.

Comece agora mesmo a planejar a sua retirada. O primeiro passo para o sucesso da sua empresa é ter uma gestão organizada e consciente, e isso começa pela sua própria remuneração.

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